domingo, 30 de setembro de 2012

Deg Filó Teens | Potencialidades, Sonhos e Aptidões

Outro dia desaprendi para aprender, e hoje aprendi com os mais jovens.

Neste encontro, desejávamos conhecer as questões e inseguranças de nossos filhos sobre o tema, já que alguns estão em pleno questionamento. 

A turma foi eclética, jovens de 13 anos e de 16-17 anos, além claro das mães. Um belo quórum de 19 pessoas. Já que os mais velhos não conheciam os mais jovens iniciamos com alguns " quebra-gelos", uma roda com colheres de pau e barbante. Para as devidas apresentações, eles escreveram numa etiqueta e colaram no corpo, alguma coisa que mais gostavam: Humor, Musica, Social, Comida, Batata, Dormir, Ler, Duvida e Curiosidade. E o círculo foi ficando trançado revelando um bonito desenho, conforme jogavam o barbante para "aquilo" que mais gostavam.




A seguir propusemos que fizessem um cartaz para apresentar-se para um estranho sem falar, apenas mostrando o cartaz. Além disso deveriam mencionar quem são as pessoas que te ajudaram a ser quem você é hoje? Quem você admira pelas atitudes e pensamentos ? Da família e fora dela. Usaram  recursos de escrita, colagem e desenho, e o resultado foi maravilhosamente surpreende! Tudo que pudemos descobrir de nossos filhos apenas por um cartaz. 






E esta atividade que deveria durar apenas uns 20 minutos ... ficaram quase uma hora deleitando-se absortos em suas criações.

A idéia era assistir ao vídeo do TED do JR - Arte pode mudar o mundo?                               (http://www.ted.com/talks/lang/en/jr_s_ted_prize_wish_use_art_to_turn_the_world_inside_out.html), que tem inspirado muitos encontros aqui, no entanto pela hora decidimos preparar uma mesa farta e saborosa, com comidinhas trazidas por todas as mães.



Enquanto isso deixamos que refletissem entre eles, e separadamente nós mães, o seguinte trecho sobre o texto da jornalista Eliane Brum, A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada:

"Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com
frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade
da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor."


E para inciar o papo, lancei uma pergunta: Quando esperam que a vida vai começar de verdade? E mais uma vez nos surpreenderam com suas reflexões. Os mais velhos associaram à independência financeira e o momento em que suas opiniões influenciarem seus futuros. Os mais jovens rebateram:" Já estão influenciando!" E as respostas multiplicaram-se: "Já começou"." Desde quando nasci"." Tudo já acrescenta"." Aos 18 anos..."

Deste "warm up", abrirmos a discussão sobre o texto da Elaine Brum. Como mencionado sentem frustrações.  E daí? Como todos nós sentíamos na adolescência. E as mãos seguiam levantadas para colocarem outros pensamentos. "Se tenho tudo, será que isto me garante a felicidade? Seguir todos os passos "ideais" da vida e ser feliz. Isso não existe" ." A infância está se prolongando, evitando desafios, ser maduro e ter uma postura profissional"." Excesso de proteção, dificulta solução de problemas futuros"." Na classe média sempre recebemos tudo que precisávamos  nunca tivemos de "brigar por". " Já encontramos obstáculos que não soubemos como lidar". Lembraram do filme Cidadão Kane, o "ter" não basta para felicidade_ e depende do que cada um quer realmente. 

Mães extasiadas, também participavam, contando como sentiram-se nesta fase adolescente, como também estavam "despreparadas", e não associavam, o fato de ser uma "questão atual" mas eterna, fazendo parte do crescimento. " Autoconhecimento é lento. Você pode mudar suas escolhas!". E numa conclusão conjunta veio: A felicidade instantânea traz prazer. Mas, felicidade plena é contínua. A felicidade não é 100% sólida, tem momentos. A oscilação existe e passamos por picos emocionais. O que muda é como lidamos. O autoconhecimento, reduz a oscilação.

A roda foi tão animada que não houve como finalizar o papo para entrarmos no foco do tema com a discussão do diagrama final. 



Não tem importância, fica aqui para quem quiser ver e refletir, pois afinal, deveríamos em vários momentos da vida apreciá-lo, sempre reavaliando nossos sonhos e potenciais. Além disso, apesar de sempre pré-organizarmos um roteiro, deixamos solto para a reunião tomar o rumo dos anseios de nossos filhos e amigos. 


Depoimentos dos jovens:

"Além de interessante achei, a discussão de uma profundidade inesperada levando-se em conta a idade dos integrantes. Espero poder participar outras vezes. Muitas vezes expressar uma idéia é o único jeito de ter certeza quanto a ela e tenho certeza de que esta discussão acrescentou muito em mim." Leonardo, 17 anos

" Gostei muito da oportunidade de conversar e discutir aspectos importantes, que geralmente não acontece entre pessoas da nossa idade e aprender uns com os outros. Valentina, 16 anos

" Achei que rendeu discussões bastante interessantes e relevantes principalmente, no momento em que houve a discussão mais aberta incluindo o grupo adulto e Teen. Gianluca, 17 anos

" Eu achei muito interessante poder falar com pessoas novas. Falar um pouco mais sobre mim, e conhecer mais sobre os outros. Paula, 13 anos

" Interessante como sempre, hoje o Deg Filó nos fez refletir sobre a vida e nosso futuro. Danny, 13 anos

" Acho que o encontro de hoje ajudou a entender quando que as responsabilidades chegam na vida das pessoas, dependendo da idade e época em que elas vivem. Gabriel, 13 anos

2 comentários:

  1. " Achei a discussão muito interessante porque ouvimos as ideias e interpretações de certas situações pelos olhos de pessoas de idades, formações e vidas completamente diferentes."


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  2. Foi um encontro rico de troca de conhecimento, percepções sobre os outros e reflexão. Concordo muito com o Leo, quando diz: "Muitas vezes expressar uma ideia é o único jeito de ter certeza quanto a ela", acredito que isso é a forma da construção do mundo e da vida. Foi maravilhoso ouvir a ideias e pensamentos de todos.

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