segunda-feira, 25 de junho de 2012

Felicidade, tempo e dinheiro para finalizar as discussões com Homero.

Em nossa sociedade consumista o "Ter" é mais valorizado que o "Ser". O ideal seria um equilíbrio, sermos mais senhores de nossos desejos e desvincular felicidade deles. Mas o que significa felicidade, como definí-la ou expandí-la?

A matriz de Manfred Max Neef ( pág 150), busca dar uma definição mais ampla de "felicidade". É a satisfação de um conjunto de necessidades humanas fundamentais, sejam as ontológicas  (relacionadas ás necessidades da existência do ser), como as axiológicas ( relacionadas aos valores). A junção destes fatores criam os fatores de satisfação que variam individualmente e conforme a cultura. Resumindo, a pessoa é rica ou pobre, conforme a pontuação de seus valores de satisfação gerando portanto, uma quebra de paradigma, a riqueza dissocia-se do "ter" dinheiro.


Curiosas que somos, decidimos testar o modelo de Max Neef e conhecer um pouco mais sobre o que representa "felicidade" para cada uma de nós, ou melhor, quais são as nossas riquezas e pobrezas. Todas as participantes da reunião preencheram a tabela conforme a escala mencionada e a combinação das características ontológicas x axiológicas. A tabulação foi gentilmente feita pelo Homero, o qual formulou algumas hipóteses para os resultados apresentados a seguir.



 O fato de estarmos mais preocupadas com o autoconhecimento, resultou  um valor acima da média para o índice Ser. Porém, as necessidades de Interação, que dependem de tempo, estão atendidas abaixo da média. Talvez isso explique o sucesso do grupo, pelo desejo de Interação. Quem está "buscando descobrir-se" pode perder temporariamente sua identidade, é a famosa "crise existencial". Talvez isto explique o valor baixo para Identidade. O valor elevado para Proteção, talvez signifique um status sócio econômico mais alto e estável. E por último e não menos importante a Liberdade. Viver hoje numa cidade grande, caótica e estressante, a satisfação de Liberdade é muito menor, devido ao transito e a tantos compromissos. Todavia, sempre será possível a Liberdade Interior que com maturidade e dedicação poderá sempre ser conquistada, ampliando nosso ambiente social e ambiental.

Se alguém mais interessar-se por experimentar esta nova definição de "felicidade" para si mesmo, poderá nos enviar um email para contato@casadegfilo.com.br e solicitar a matriz completa publicada recentemente no livro " Muito além da economia verde, ed. Abril Planeta Sustentável do Ricardo Abramoway.


Falando em felicidade hoje uma nova integrante juntou-se a nós. Seja muito benvinda!

Para refletir:
" Ostras felizes não fazem pérolas!"
A felicidade é tão essencial?
Virando a página, deparamo-nos com "O disparador da insustentabilidade da civilização é o dinheiro. O dinheiro foge cabalmente do alcance da Lei da Entropia: enquanto todo o resto do Universo decai segundo a segundo, o dinheiro pode ser criado, recriado e mantido nas quantidades desejadas, e permanece sendo dinheiro, sem decair dessa qualidade". Tudo no universo é energia, e qualquer "movimento" aumenta a entropia ( grau de desordem), transformando a organização em caos e dissipando mais energia até a formação dos buracos negros, ausência de energia. Enquanto que o dinheiro, fabricado pelas instituições financeiras, pode adquirir valores especulativos irreais alimentando o crescimento exponencial "meme" do consumo, como já comentamos.

Além disso, existe a sensação que com dinheiro podemos substituir tudo, o genuíno pelo "fake", como se pudéssemos compensar a perda do mais essencial na natureza. Florestas jamais poderão assemelhar-se a plantações de eucaliptos.

A noção de finitude, também nos instiga ao consumo imediato "aqui e agora", o qual aplaca nossa ansiedade e reduz o tempo que demoraríamos em consumir determinado produto ou sonho. Se tivermos dinheiro para comprar este tempo, na verdade reduziremos o tempo de espera, colocando "mais vida, mais valor" no nosso tempo. E a compreensão vem, " Se tempo é valor, dinheiro representa valor, ergo tempo vale dinheiro: tempo é dinheiro!!!" 

Contudo Homero pontua, também podemos colocar mais vida em nosso tempo através da prática de ioga, meditação e/ou com reflexões filosóficas.

Olhamos no relógio e já são 23hs... Infelizmente não há mais tempo para reflexões coletivas e precisamos finalizar.

Restam aqui inúmeros outros temas do livro ainda não discutidos. Se você gostou de conversar com o Homero como nós, aguarde as novidades sobre outros encontros que faremos em breve em grupos abertos com o autor.





3 comentários:

  1. Vendo seu blog, me ocorre recomendar o livro "Felicidade", do Eduardo Gianetti da Fonseca, que embora economista (e filósofo), é menos cartesiano do que me pareceu este Manfred Max Neef. Não acredito muito em formalizações de felicidade, mas o livro é muito bem fundamentado, e aplicável na prática.
    Comento também, o "ter"que suplantou o "ser". Na verdade hoje, não é "ser" nem "ter", mas "parecer" (li e algum lugar, e concordo totalmente).

    ResponderExcluir
  2. Marquito, obrigada por ampliar nossa visão sobre "felicidade". Sua dica será publicada na "Estante". bjss

    ResponderExcluir
  3. Só para esclarecer: essa tabela foi apenas um exercício de familiarização com a ideia de que Riqueza e Pobreza não se atrelam, necessariamente, à posse de meios financeiros -- que é o ponto que Manfred Max-Neef busca realçar.
    Aliás, caro Marco, "cartesiano" é tudo o que o Max-Neef não é: sua abordagem é sistêmica, holística... transdisciplinar, como ele mesmo denomina. E de fato ele não apresenta essa matriz como um "medidor" de felicidade -- aliás, a expressão que ele usa é "bem-estar".
    E não é para ser pontuada: esse foi um exercício de aproximação do tema que as integrantes da Casa fizeram, livremente, para abrir uma discussão mais ampla.

    ResponderExcluir