terça-feira, 24 de abril de 2012

Conversação, Theodore Zeldin

Hoje festejamos o início de um novo grupo!

E nada melhor do que o tema conversação para experimentarmos o novo.

Este pequeno livro do historiador Theodore Zeldin foi escrito em 2001, e de lá para cá deu muito que falar. Se por um lado temos hoje todos recursos tecnológicos e liberdade para se comunicar, de outro parecemos mais monossilábicos, superficiais e desinteressados com o outro. Será que teremos de reaprender a conversar?


No verbo conversar, está o ouvir com empatia. Mas, espera! Se eu falo, como posso ouvir? Não, não pode. É justamente, aonde termina a conversa e começa o discurso.

Na conversa com os filhos, muitas vezes nos sentimos impotentes. Enquanto falamos, ouvimos monossílabas. No entanto, isso pode querer dizer que estão ouvindo tudo para depois digerí-lo a sua maneira. O que uma mãe mais deseja é saber sobre a vida dos próprios filhos, participar. Mas, será que contamos o nosso dia para nossos filhos? Existem assuntos interessantes, felizes para se contar? Temos de dar o exemplo.

Um dia sem mentiras é possível? Cumprimentar com “tudo bem? tudo bem!”, tem algum significado? Além de dizer “oi”, significa não tenho tempo, nem interesse em lhe ouvir. Estas são mentirinhas “sociais” e usamos uma infinidade delas para não ofender, para não nos comprometer, o que seja.

Na conversa  que vale à pena, o outro tem que demonstrar “que te vê”, deve haver respeito mútuo. Quando entregamos nossas palavras, para alguém que não as acolhe, nos esvaziamos.

A boa conversa pode ser impessoal? A questão dividiu o grupo. Se for interessante, aprender-se algo, sim. Mas, a maioria acredita que não.

É mais difícil comunicar-se com familiares do que com desconhecidos. O envolvimento emocional e a falta de interesse depositada naquele pensamento “o que minha mãe pode acrescentar além de preocupar-se comigo e me julgar”, traduz a razão.

Proponha-se um novo olhar, seja curioso, empático, se desejar uma conversa mais rica.

O filósofo gastronômico Brillat-Savarin, estabelece a diferença entre os prazeres da comida e da mesa, e inspira o Degustações Filosóficas. Quando à mesa, o compartilhar da boa comida recheada de temas instigantes, trazem bem estar e aguçam a qualidade da conversa.

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3 comentários:

  1. A reflexão é bastante pertinente. Temos recursos tecnológicos sofisticados que deveriam aprimorar a nossa capacidade de comunicação... qualitativamente inclusive. Mas parece que aconteceu o contrário, a superficialidade e fragmentação do mundo virtual afetaram nossa disposição (ou capacidade) de aprofundamento e de empatia. Então, embora o alcance da comunicação seja muito maior, estamos mais superficiais e indiferentes. A questão é: conseguiremos associar a agilidade e alcance da comunicação virtual à capacidade de empatia e de comunicação verdadeira e profunda? Talvez esse seja nosso próximo salto evolutivo...
    Abraços.
    Sandra Felicidade

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  2. Sandra, muito obrigada pelo seu depoimento. Essa é sem dúvida uma ótima questão. O que será que importa mais, quantos amigos temos no Face ou quantos encontramos e nos dedicamos a abrir um verdadeiro diálogo? É a experiência destes encontros que levamos desta vida. bjss

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  3. Olá, Flávia! Onde posso encontrar esse livro?

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