segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Retrospectiva 2010

08 - 02 - 2010  |   Meditação

Gostaríamos de aproveitar que estamos todas recarregadas e iniciar com o tema meditação, aprendermos a tirar maior proveito desta técnica, que só depende de nós. No dia a dia, temos mil motivos para não frear um minutinho e meditar um pouco. Mas quando compreendemos a verdadeira dimensão  desta prática, sua importância e principalmente o quanto pode ser prazerosa, não dá vontade de parar. Traz calma, aumenta a percepção e nos conecta com o melhor de nosso ser - nossa sabedoria genuína. É quando "não pensamos" que encontramos soluções criativas...


* 

COMENTÁRIO:  

No nosso último encontro falamos sobre meditação: o que é, como praticá-la e porque praticá-la. Sabemos que ninguém faz nada sem retorno e então, muito sinteticamente, gostaria de repassar os benefícios que se obtém com essa pratica regular: auto-conhecimento, aproximação do seu “ser-autêntico”, expansão da consciência, ampliação do que captamos e desfrutamos do que nos rodeia, mais calma, tranquilidade e paz (ao se aproximar do seu ser, diminuem as ansiedades e frustrações). Claro que cada um desses itens é abrangente e pode ser tema para muitas degustações... Paula.

*  
09 - 03 - 2010  |   DVD: O poder do silencio - Eckhart Tolle

A calma é a nossa natureza essencial, o espaço interior, onde nossa consciência permite que palavras transformem-se em pensamentos. Perceba o silencio e estará em contato com a calma.

Quando se perde o contato fica-se perdido. Perceba o silencio por trás do barulho. Extinga sua resistência interior ao barulho, deixando-o ser como é.

A verdadeira inteligência atua silenciosamente.

A calma é o lugar onde criatividade e solução dos problemas são encontrados.

A sabedoria vem da capacidade de manter-se na calma (ausência de pensamentos).

Veja e ouça apenas. Isto ativará a inteligência que há em você, orientando suas palavras e ações.

A calma interior nada tem haver com inatividade, mas com o enxergar e o agir com a intenção correta!
* 
29 - 03 - 2010  |   Revisão: Degustações Filosóficas

É muito bom ver como evoluímos, nos divertimos, aprendemos juntas, cozinhamos, degustamos e nos dedicamos na dura arte de nos aprofundarmos em nosso auto conhecimento. Refletimos e decidimos que queremos ir mais a fundo. Abordar e estudar temas mais sérios, estar mais comprometidas.

Isto vai exigir nossa dedicação, envolvimento e presença mais freqüente. A partir deste desejo, criamos um ritual. Pretendemos começar a abordar os filósofos e a época em que viveram, para traçar correlações com o nosso cotidiano e atualidade.

Na próxima reunião, gostaríamos de ouvir sugestões de quais seriam os filósofos mais interessantes que poderíamos estudar. 

A força do grupo é facilitadora e confortante, é sempre um grande prazer e alegria contar com vocês!

* 
03 - 05 - 2010 |   Aprender a viver, Luc Ferry (até cap. 4, parte I)

Dedicamos os meses de maio e junho  aos capítulos introdutórios do livro Aprender a viver.

Pela primeira vez, ler e estudar filosofia deixou de ser um “bicho de 7 cabeças”! rs... Luc Ferry merece os méritos que recebeu pelo livro. Sua didática na elucidação da trajetória da história da filosofia é maravilhosa.

Desde o início, ele pontua as diferenças entre religião e filosofia, e nos alivia. Religião prega que Deus nos salvará, exige humildade, passividade sem lucidez, e garante as conquistas através da fé. Enquanto a Filosofia, diz é você que se salva, e crê que podemos ao menos eliminar as angustias acerca da eminência da morte, através da razão.

Como é bom ter esclarecido," é o medo da morte que nos impede de viver bem" , e Luc cita Montaigne, "filosofar é aprender a morrer". 

Divertimo-nos muito,  trilhando o caminho desde a Grécia antiga, com os estóicos que definiam que o mundo era um ser animado, dotado de consciência, inteligência e razão, onde a finalidade da vida era encontrar seu justo lugar na ordem cósmica. Definindo a “vida boa”, como a vida sem expectativas e temores. Existia a certeza de que o mundo era divino, harmonioso e bom.  Ao olhar ao redor da mesa, naquele momento juraria que éramos todas estóicas. 

Mas, esta filosofia não se mostrou forte o suficiente para responder às aflições daquela época e o Cristianismo veio com tudo, com todas as respostas! Propôs a salvação, a imortalidade pessoal, personificou o “ Salvador”, enfim emplacou com uma doutrina da salvação bem mais eficiente. Propos a humildade das pessoas simples e não o entendimento dos filósofos. Trouxe a ética cristã e a noção de dignidade para todos os seres humanos. Passou a valorizar o mérito, e a colocar o espírito acima da lei. O que valia era a consciência, ser empático.

No entanto, mesmo assim, para alguns o homem encontrava-se só e privado do socorro do Cosmo e de Deus. Rosseau então levantou a bandeira do Humanismo e da nova Filosofia Moderna. As diferenças entre animalidade e humanidade fortaleciam a ética humanista. A capacidade do homem de se aperfeiçoar com o tempo era sinal de liberdade, enquanto que o animal era apenas guiado pelo instinto, vivendo aprisionado na capacidade de evoluir.

Finalizamos o capitulo 4, confiantes para prosseguir e acreditando que " filosofar é preferir a lucidez ao confronto, a liberdade à fé" , como diria Luc. Agora não vemos a hora de nos sentarmos novamente, para desconstruir com Nietzsche!
* 
29 - 06 - 2010  |   Aprender a viver, Luc Ferry (II). Leitura do capítulo 5.

Despertar hoje parecia um sonho... Tantos pensamentos e descobertas que não resisti  tentar compilar nossas reflexões sobre Nietzsche.
Não aos deuses, ídolos e ideologias.
A devoção é uma forma de tirarmos o foco de nós mesmos.
Eu venho antes.
A vida é como é, reconheça-a. Não lute contra.
A força só existe no plural, depende de outra para existir.
Lei da Ação & Reação.
Pense nisto... Medos todos temos. O melhor antídoto é viver o aqui e agora. Viva em "grande estilo", seja senhor do seu caos interior, perceba e equilibre as forças reativas e ativas. Não se iluda... A solidão é diferente do abandono. A conversa com si só, é libertadora e pode ser reconfortante. Toda genialidade parece atrair e precisar de solidão. Enfim onde estamos?
Fizeram-se escolhas. Como e por que as fizemos? Certamente, perdi preciosidades, assim sintam-se a vontade para colocarem seus  pensamentos. Boa reflexão! Boas férias!

COMENTÁRIO:
Seria pleonástico dizer mais alguma coisa, então resolvi apenas acrescentar uma reflexão de um outro grande pensador que podemos incluir nas nossas leituras do segundo semestre: “Até que você esteja comprometido, há hesitação e possibilidade de voltar atrás, sempre há ineficácia com respeito a todas as iniciativas (e criação).No momento em que há um compromisso decisivo a Providência também se movimenta. Um turbilhão de acontecimentos é desencadeado pela decisão. Seja o que for que você possa fazer ou sonhar que pode, comece. A ousadia contém em si genialidade, poder e magia. Comece agora” - Goethe. Acredito muitísssssimo nisso!  Experimentem-SE! Pauli.

* 
03 - 08 - 2010  |   Aprender a viver, Luc Ferry (III) - Leitura Final

Depois da desconstrução veio a Filosofia Contemporânea. Aqui tomo a liberdade de trazer trechos do livro para melhor exemplificar. Os preceitos dos filósofos da suspeita são os que mais prevalecem na filosofia contemporânea ( Marx, Nietzsche e Freud).

Cada um procurou desvendar o que havia por traz da crença dos ídolos, as lógicas encontradas, inconscientes, que nos determinam a despeito de nossa vontade. Marx tendeu para a economia das leis sociais. Freud para a linguagem de nosso inconsciente. E Nietzsche para o "niilismo" e a vitória das forças reativas sob todas as formas.

Mas, se a desconstrução virou cinismo e sua critica aos "ídolos" sacralizou o mundo tal como é, como ultrapassá-la? Como enfrentar a dura realidade da globalização capitalista na qual estamos imersos?

Surgem os pensamentos de Heidegger, embora fosse um fundador da desconstrução, ele não é um materialista, não acredita que as idéias são todas produzidas por interesses. O ser como é "destrói" a filosofia de Nietzsche.

Culpar o capitalismo por tudo também não faz sentido, o problema é o universo desprovido de sentido, sem significado e direção. Aprimorou-se a "técnica", a tecnologia, mas não o sentido. Vive-se a concorrência generalizada. Antes, acreditava-se que o progresso era resultado da liberdade e da felicidade do coletivo, mas neste momento o que vale é o individual, a livre concorrência, o "benchmarketing" da comparação com os outros.

Surge assim, a necessidade de buscar novos ideais, para recuperar-se o desenvolvimento do mundo, dominar a "dominação".

A filosofia caminha para a erudição, reflexão e ao espírito crítico e não mais a busca de sentido, vida boa, de amor a sabedoria, e a salvação. É a era da Filosofia Acadêmica. Agora vivemos num tempo que é necessário repensar a teoria da "salvação". De que vale crescer?
* 
14 - 09 - 2010  |   Envelhecer (fonte livre)

Claro, que preferimos não pensar no assunto, ou achar que só será necessário pensar na idade de nossas avós, mas a verdade é que a partir do momento que nascemos, iniciamos nosso envelhecimento. Tá bom, se exagerei, vamos apenas pensar que ela certamente vai chegar. Então como deseja estar quando este momento chegar?


No processo da velhice, "deixamos de ver", enxergar os detalhes.  Somos menos cuidadosas com nós mesmas.

É importante nos preparar, planejar-se. Aprender a atitude do desapego. Nunca deixar de sonhar... Dar um sentido à vida!

Refletir sobre quem sou e como quero viver minhas relações, parece imprescindível.        E num brinde, veio a síntese: " Desejo morrer bem idosa sem envelhecer!"

Para semana: Refletir sobre  o que deseja e não deseja para sua velhice. Conversar com mulheres experientes: O que representa a velhice, como é vive-la e o que gostaria de nos dizer? 

* 
26 - 10 - 2010  |   Envelhecer II
Entrevista com mulheres sábias e mais experientes do círculo pessoal.

Encerramos o tema envelhecer, com grande alegria pelas descobertas, que se soubermos incorporar trarão aprendizado, liberdade e bem estar.
Reúno abaixo, frases e pensamentos que vieram a tona:
Tenha sonhos, sonhos e planos.
Alimente o espírito jovem.


Tenha boa saúde com "probleminhas" pontuais.
Faça coisas que não fazia antes.
Seja otimista e positivo.
Faça, não temos tempo a perder.
Cuide da família e da saúde.
Evolua, já que é inevitável que vamos envelhecer.
Mude o rumo, somos mais seguras e sábias.
Aproveite mais o tempo.
Viva mais o que dá felicidade.
Valorize o simples.
Seja, não se preocupe com o ter.
Mantenha as amizades!

Como o desapego faz parte do envelhecer, achamos que seria um bom tema para seguir o trajeto. Ao que você se apega? Traga na próxima reunião uma situação em que percebeu conseguir se desapegar.
 
* 
16 - 11 - 2010  |   Apego X Desapego


Um dos textos que trabalhamos na reunião foi o texto que segue abaixo da Elaine Lilli Fong. Sua leitura já nos permitiu várias reflexões que foram discutidas.

O apego está relacionado ao agarrar-se. Agarrar algo é um ato superficial, não existencial. Todos nós somos apegados a alguma coisa, entretanto sabemos o quanto sofremos quando temos que abrir mão daquilo que estamos apegados. Saiba que o apego limita nossos verdadeiros desejos. Quando estamos apegados somos mesquinhos e egoístas e não estamos seguindo o fluxo da natureza. 

A natureza é desapegada. Por exemplo, quando um pássaro bota um ovo, a mãe está presente até o momento em que seu filhote nasce, cresce e fica forte. Depois, o pequeno pássaro vai buscar o seu próprio caminho. A mãe não se apega ao filhote que agora já é um adulto.

Existem diversas formas de apego as quais podemos renunciar. Faça uma reflexão interna e perceba qual apego que existe hoje em sua vida e qual você já está disposto a deixar fluir:

Tipos de Apego

Apego ao ego: está relacionado a idéias e pensamentos fixos, sendo que pessoas apegadas ao ego são menos compreensíveis e mais preconceituosas. Atividades junto à natureza propiciam uma quietude interna, onde observamos menos conflitos de egos. Por exemplo, se imagine em uma caminhada na trilha de uma floresta com outras pessoas. Geralmente, as pessoas estão mais interessadas nas paisagens, no clima, nos animais que poderão surgir, sentindo e curtindo o que a natureza tem de bom. Outro exemplo acontece nos retiros espirituais: exigimos menos e somos exigidos menos também, portanto não há nada que precisa ser provado. Na vida cotidiana estamos sempre pensando em termos de "meu espaço", "meu tempo", "meu trabalho", "meus objetos", "meus amigos". Quando largamos tudo isso, podemos assim permitir que outros entrem em nossas vidas tornando-se mais próximos de nós mesmos.

Apego às opiniões estreitas: ocorre quando o indivíduo está apegado às concepções que não funcionam. Pode ocorrer também quando a pessoa estabelece uma opinião fixa em relação à vida de outra pessoa. Por exemplo: quando o pai ou mãe exige que a sua filha siga uma carreira escolhida por um deles. Essas pessoas costumam projetar os seus desejos e opiniões em cima das outras pessoas, sendo que a última palavra deverá ser a dela, tornando a situação desagradável. Uma solução seria usar uma percepção meditativa, sem julgamentos, para abrir nossas mentes e fluir com as idéias - em vez de se fixar nelas.

Apego ao princípio do prazer e da dor: podemos perceber esse apego em pessoas dependentes de bebidas, chocolates, vícios, romances que nunca dão certo, família etc. Para exemplificar este tipo de apego imaginem a seguinte cena: uma mulher é questionada se é feliz no casamento e dá a seguinte resposta: "Eu acho que sim, apesar do meu marido bater em mim e nos meus filhos, ele é trabalhador, não deixa faltar nada em casa.  Enfim, nunca parei para pensar nisso, estamos juntos há tanto tempo. Acho que acostumei com isso, não me vejo sem ele." Esse é um caso fictício, porém típico de apego ao sofrimento. Ficamos tão presos as rotinas familiares de relacionamentos dolorosos que nem sabemos mais como soltá-las e caminhar em outra direção mesmo quando fica evidente que isto é o que nos convém.

Apego a ritos e rituais vazios: ocorre quando as pessoas se agarram a dogmas vazios o tempo todo, não sendo capazes de abrirem suas mentes e pensar por si mesmos porque acreditam em alguma coisa simplesmente porque foi dito por alguma autoridade ou porque está escrito em um livro.
Apego à visão limitada e míope que só enxerga a partir de um único ponto de vista: quando expandimos nossa auto-percepção passamos a ver ouvir e sentir a partir de outro ponto de vista, mais amplo. Podemos sentir a fragrância divina ou intuirmos uma presença impalpável, porém autêntica. Ao nos sentirmos compelidos a aprender a amar precisamos olhar com mais profundidade para as complexidades de nossas experiências, com todos os seus diversos níveis interligados, dimensões variadas e múltiplas formas de existência.
* 
 14 - 12 - 2010  |   Encerramento

Este jantar foi realizado não em casa, mas num restaurante especial, numa charmosa sala asiática reservada só para nosso grupo.

O ambiente aqueceu nossas reflexões sobre as dificuldades e conquistas que alcançamos neste ano e o reconhecimento do quanto fomos cúmplices, umas das outras, nestes momentos. Mas, sinto que nossa maior Felicidade foi ver como conseguimos consolidar o " Degustações Filosóficas"!


Nosso próximo tema será elaborar questões que seriam interessantes respondermos considerando o lado feminino e masculino da questão.

COMENTÁRIOS:
Vejo o Degustações como uma grande roda, que vai girando, girando e em cada contato que temos uma com a outra vamos grudando um pouquinho mais de conhecimento, de emoções, de afeto... No final de 2010 já estamos melhores do que estávamos no início. E acho que 2011 será uma coroação de aprendizados para todas. Se vai continuar em 2012 não sabemos. Mas podemos ter certeza de que estaremos mais completas, mais neuróticas talvez, porém mais felizes com os seres humanos que nos tornamos. Apesar dos tropeços do caminho, eu me sinto uma pessoa melhor hoje. Feliz Natal para todas vocês e que 2011 sejamos ainda mais degustadoras da vida! Eliane Dal Coletto.

Só quero dizer uma coisa: O “Degustações Filosóficas” é um privilégio... ter um local, quinzenalmente, onde podemos dividir alegrias, tristezas, angústias e conhecimento, É UM PRIVILÉGIO!!!  Adriana Bazzali Jazzar.
*

Nenhum comentário:

Postar um comentário