terça-feira, 27 de novembro de 2012

A visita cruel do tempo, será?

O premio Pulitzer 2011 foi merecido. O livro é surpreendente em todos os sentidos não só pela sua original forma escrita, mas pelas preciosidades do conteúdo.

Jennifer Egan com maestria tira tudo do lugar. Diverte-se com a cronologia da estória. Inicia com dois personagens Bennie Salazar, executivo da industria musical e Sasha sua assistente cleptomaníaca, que ao longo do livro alternam-se de protagonistas a coadjuvantes, bem como os inúmeros outros personagens adicionados a trama, tem suas estórias entrelaçadas. É preciso fazer uma "cola" para não se perder. Mas é justamente, esta pluralidade que aguça nossa curiosidade... quem será o próximo protagonista?

Em alguns momentos, o livro vira filme e parece que alguém aperta o "fast foward". Você vê o que acontece com a vida do personagem, baseado nas escolhas que fez. Em outros, percebe a passagem do tempo mais sutil, a decadência ou a serenidade alcançada são regados com um refinado humor e bastante realismo.

Em outro momento uma das personagens fala em "dobrar o amor". Pretende diminuir a paixão que seu companheiro sente por ela para não se envolver demais e a cada dia reage de maneira a "dobrar" mais um pouquinho este amor. Até que um dia percebe que o encolheu tanto, que seu companheiro não a deseja mais. E concluímos, não é possível poupar-se das dores do coração...

Em outra parte, numa entrevista num café, quando a entrevistada chega todos os presentes percebem sua presença, sem olhá-la, a autora discorre sobre ocorrido através dos princípios da física quântica.


Jennifer Egan

E no final quando acha que já está extasiada com a narrativa, aparece um capítulo na forma de slides de Power Point! A estória é de um menino que ao ouvir musica só ouvia as pausas e as anotava, segundo a segundo. Seus pais não o compreendem e isto causa muito desconforto familiar. No entanto, para um olhar aberto, este ponto de vista é muito interessante e pode te despertar para outra realidade... o da importância das pausas em nossas vidas. De quanto as respeitamos, as percebemos como perca de tempo, ou as usamos para observar o que está acontecendo a nossa volta, ou ainda o que pode nos dizer sobre nós mesmos... É na pausa que temos a oportunidade de nos conectar.

Certamente, saímos mais atentas ao momento presente e as nossas escolhas... sem nem prestar mais atenção a passagem do tempo, aprendendo a valorizar toda e qualquer pausa. 


Boas pausas!

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